Pesquisar

3 de maio de 2015

Direito ao silêncio

                                                                             (...)
A noite é a parte mais difícil. A nitidez do sol , que a tudo faz enxergar sem medo, cede espaço ao escuro com suas portas abertas a claras imaginações. Se enxergar com os próprios olhos é um risco, ver com as asas da mente é um passo em direção ao abismo. E o silêncio que repousa sobre todos os corpos semi-mortos do fim do dia é um convite eterno para que eu devolva as palavras que não pude digerir. Quando o corpo já não agüenta e a mente não lhe dá uma trégua- em sua luta incansável pra me fazer perder a linha- me resolvo em segredo. Entre os dedos já trêmulos, minha caneta brinca, e desenterro da minha mente conturbada tudo o que está retido- perde-se apenas o que se dissolveu-  transformado em tinta invisível para a maioria dos meus. A lua que se vale de algum brilho para ser vista à noite, enorme e alva, me acena lá de cima, para me batizar na poesia das almas cegas, da mudez do dia, das confissões noturnas.

Eu tenho um corpo calado, e uma alma que assopra clichês nunca lidos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário